A pandemia trouxe mudanças significativas na nossa vida e, principalmente na das crianças. Isso porque o distanciamento social implicou no fechamento das escolas, interferindo na rotina e nas relações interpessoais, da infância. Nesse contexto de isolamento – sobretudo vivenciando com mais intensidade o mundo dos adultos que trabalham em casa, algumas crianças podem apresentar as mais diferentes reações emocionais e alterações comportamentais. Essas reações, tais como dificuldade de concentração, irritabilidade, inquietação, medo, tédio, sentimento de solidão, além das alterações no sono e na alimentação, de modo geral, são esperadas frente ao atual cenário que estamos vivendo. É importante, portanto, a família olhar para os sintomas, como reações “adaptativas”.
Contudo sabemos que nem sempre é fácil administrar esses comportamentos, pois os familiares também estão envolvidos com suas demandas, como o “dar conta” do home office, da escola na casa, de todo um convívio familiar intensificado pela pandemia. É importante salientar, que quando a família perceber a existência de sofrimento e que está sendo muito difícil manejar essas alterações, a ajuda de um profissional faz-se necessário.
Como estratégia para enfrentar o período de pandemia, é sugerido organizar a rotina, respeitando as características de cada família e, mantendo o mais próximo possível da rotina habitual da escola. A rotina atua como um fator protetivo contra o surgimento de sintomas relacionados, ao estresse e ansiedade. Não pode ser rígida, engessada e deve contemplar os horários para dormir e acordar, para fazer as refeições, as atividades online da escola, os momentos para as brincadeiras e, até mesmo para acesso as telas, como TV e smartfhone (adequando o tempo diário de acordo com idade, a qualidade e adequação dos conteúdos).
Além disso, proporcionar momentos de atividade, nos quais as crianças possam usar o corpo, se movimentar, pular e dançar é fundamental para o bom desenvolvimento cognitivo, motor e emocional dos pequenos. Outra boa estratégia é promover que as crianças participem de pequenas tarefas domésticas, desenvolvendo a autonomia e o senso de responsabilidade.
Por fim, é indicado que as famílias mantenham com a criança o diálogo e a acolhida de seus sentimentos, ajudando-os a decifrar e entender suas emoções. Sobretudo, sinalizar para as crianças, independente da idade, que o papai e/ou a mamãe também ficam tristes e sentem saudades de amigos e familiares é uma atitude que constrói empatia e educa-os para a vida.
Tatiana Jeckel – Psicóloga